Oreste Balthassar Antonius Francioni nasceu em Roma no dia 16/01/1868, filho de Francisco Francioni e Mathilde Catrachia que moravam na Vla Margutta 49, plazza del Poppolo em Roma. Eu sei pouco sobre sua família mas parece que tinha um irmão chamado Nestor.
Segundo meu pai, Oreste deveria seguir ser no seu ofício de padre para agradar a uma vontade do seu tio. Parece que desistiu e o tio ficou muito triste. Então surgiu a vontade de sair da Itália para o Brasil e desenvolver seu ofício de serralheiro artístico. A situação na Itália, naquela época, era de muita miséria e sem perspectivas para bons profissionais. Não sei ao certo se a razão foi esta mesma mas, depois do embarque para o Brasil teve que ficar na Argentina porque o Brasil não estava aceitando solteiros e sim, famílias. Aquele foi um período da história onde muitos italianos estavam chegando para viver na América na esperança de uma vida melhor. Ao que tudo indica, parece que não se deu muito bem com os argentinos ou não conseguiu trabalho. Um dia resolveu escrever para Carlos, um amigo que estava morando no Brasil. Descobriu então, que as oportunidades de trabalho no Brasil eram melhores. Mas como a legislação brasileira não permitia a entrada de imigrantes solteiros ou sem família. Carlos sugeriu então, que Oreste se casasse com uma brasileira para poder morar no Brasil. A ideia agradou e perguntou ao Carlos se ele poderia ajudar a encontrar uma esposa que aceitasse casar por procuração.
Carlos conhecia Ernestina, uma jovem de 26 anos, filha de imigrante irlandês e que estava se sentindo "um pouco encalhada". Ela trabalhava na Charutaria Dunley em Petrópolis. Não sei se era do seu pai, de um irmão ou tio. O dono da charutaria se chamava Antenor Dunley (tio Nô) casado com tia Lilina e moravam no andar de cima.
Para agilizar o contato entre os dois, Carlos enviou uma foto de Ernestina para Oreste e fez o mesmo com a foto de Oreste. Ou seja, mostrou para a candidata, noiva do italiano. Os dois aceitaram a proposta e a documentação do casamento começou a ser preparada.
O casamento foi realizado por procuração no ano de 1896 e assim, no ano seguinte, Oreste veio para o Brasil. Aqui era conhecido apenas como Oreste Francioni.
O pai irlandês da Ernestina da Silva Dunley, quando chegou ao Rio de Janeiro, precisou cumprir a quarentena imposta aos imigrantes. Então, ficou um tempo na Ilha de Paquetá. Enquanto estava na ilha, conheceu Carolina da Silva, uma costureira da família imperial, e se apaixonou. Carolina ficou grávida e nasceu a menina Ernestina em 1870. Depois, o casal com a bebezinha, foi de barco até Magé e, de lá, pegaram o trem para Petrópolis. A família cresceu e, além de Ernestina, outros filhos chegaram: Antenor (1874), Carlos (1868) e Alexandre (1872).
Quando chegou em Petrópolis, Oreste montou a maior serralheria da região e foi responsável por inúmeras obras como pórticos, portões e grades, inclusive a do Palácio Imperial. Também fez as grades dos quartéis de São Cristóvão no Rio. Suas outras obras foram: o monumento da águia e da cobra na Praça da antiga Prefeitura; as coroas de ferro e bronze artístico para o túmulo dos Imperadores D. Pedro II e Dona Tereza Cristina; os portões de ferro e os apliques artísticos na Escola Nacional de Belas Artes. Com todo esse talento, recebeu em 1918 uma medalha de ouro na Exposição de Artes Industriais. Ele também era muito conhecido na cidade por fazer parte da Sociedade Italiana de Petrópolis.
Depois de casados, Oreste e Ernestina, tiveram três filhos: Francisco (1899), Haydée (1902) e Ernestina (1906).
Quando o primeiro filho, Francisco) ainda era criança, o casal viajou para a Itália para visitar a família e apresentar o neto para seus pais. Os italianos acreditavam que no Brasil só tinha negros e índios. Quando Oreste chegou com a esposa Ernestina (uma branquinha filha de irlandês) os parentes começara a gritar: sei bianca!!!
Alguma das referências sobre a família Francioni relata que o seu pai, que era confeiteiro na Itália, foi quem trouxe o sorvete italiano para o Rio de Janeiro. Encontrei também um outro relato bem interessante que vou copiar aqui: "Oreste Francioni seria padre por destinação da família. Fez estudos bastante adiantados mas, na hora dos votos solenes, não os proferiu. Saiu para a vida leiga, perdendo a herança que seu tio médico e muito rico lhe deixaria caso se ordenasse padre. Foi por esse motivo que, imaginando não desagradar os pais com essa desistência, resolveu residir na casa de seu padrinho que era dono de um fabrico de ferro, onde ele aprendeu a arte que realizou em Petrópolis. Oreste montou a sua Serralheria Artística na Rua 13 de Maior onde, com a subida da Presidente da República para veraneio, ganhou uma clientela de elite nas mansões e palacetes" (história publicada por Edna Francioni em Famílias Italianas de Petrópolis).
( https://www.facebook.com/comunidadeitalianadepetropolis/posts/428321453941133/ )
Uma conversa que rola na família é que, um dia, Oreste conheceu uma bailarina argentina, juntou dinheiro e fugiu com ela para Buenos Aires. Ernestina rogou uma praga e disse que ele voltaria doente, duro e de joelhos pedindo perdão. E assim aconteceu. Na Argentina, a bailarina roubou o dinheiro dele. Se virou para voltar ao Brasil, chegou doente, duro e implorou o perdão.
Nos links abaixo existem outras informações também sobre sua profissão e a atuação na sociedade onde vivia.
https://www.facebook.com/comunidadeitalianadepetropolis/posts/428321453941133/
http://memoria.bn.br/pdf/304808/per304808_1896_00103.pdf
Em 2021, em viagem a Itália, eu e Rafael fomos conhecer a Igreja Santa Maria del Poppolo onde o Oreste foi batizado no ano de 1868.
Nenhum comentário:
Postar um comentário