segunda-feira, 24 de junho de 2013

MINHA FILHA REGINA


História contada pela vovó Norma

Depois do nascimento do meu primeiro filho, ainda moramos dois anos em Nova Iguaçu. Após este tempo, compramos uma casa em Nilópolis mas não moramos muito tempo lá. Vendemos a casa e fomos morar em Petrópolis, na casa da minha mãe no bairro do Bingen porque eu estava grávida pela segunda vez.

No dia 22 de dezembro à noite, comecei a sentir as dores do parto e meu irmão Célio foi chamar Dona Leonor, a parteira. Quando ela chegou por volta das 21 horas eu já estava com muitas dores. Ao me examinar ela disse que até meia noite ou mais tardar uma hora, eu estaria livre.

Deu uma hora da manhã, as dores aumentando e os intervalos das contrações cada vez menores. Dona Leonor, já preocupada examinou-me outra vez e falou para meu marido José ir buscar um médico no Hospital Santa Tereza, que ficava próximo de casa.

José perguntou o que estava acontecendo e ela respondeu que a criança estava atravessada na barriga. Disse que sabia fazer o parto, mas que seria muito sofrido porque teria que fazer a criança voltar à posição normal.

O que ficou decidido então é que ela faria o serviço. Então, cada vez que ela introduzia a mão para ir puxando a criança para a posição normal, eu sofria demais, já estava esgotada e só gemia, não gritava mais. Por diversas vezes via tudo escuro mas finalmente, às 07h15 da manhã de 23 de dezembro de 1939 nasceu Vera Regina.

Nesta hora, além da escuridão, vi também estrelas luminosas piscando, verdadeiramente vi estrelas. A parteira pegou a menina e disse: está morta! E deixou-a junto a minha perna esquerda enquanto me dava mais atendimento. Neste momento, senti feito uma raspadinha na minha perna. Levantei a cabeça e vi a perninha da minha filha mexendo. Disse rápido: ela está viva, está viva!

Foi um corre-corre. A parteira levantou-se rápido segurando-a pelos pezinhos e de cabeça para baixo, dando-lhes fortes palmadas. Foi aí que depois de levar umas quatro palmadas que o choro saiu. Depois de tomar banho, com água fervida, álcool e iodo, ela me deu banho e em seguida trouxe a minha segunda trouxinha para que eu visse.

Chorei muito, de admiração, amor, ternura e muitos sentimentos que só as mães sabem como é.

Era lindinha, gorda, de carinha redonda, olhos abertos e grandes, bem separados e estavam me admirando também. Ficou quietinha mas já chupando os dedinhos. Dona Leonor disse: o que você está esperando? Dê de mamar a ela que está com fome e este primeiro leite tem colostro que limpa o organismo e protege contra as doenças nos três primeiros meses.

Ela mamou bastante, arrotou forte, ficou piscando os olhinhos e adormeceu feliz, mas cansada. Sofreu bastante para ver a luz do mundo mas enfim, sentiu-se segura nos meus braços.

No dia seguinte, véspera de Natal, mamãe e Célio levaram-na para pesar no hospital. Tinha cinco quilos só de fralda, quase o dobro do meu primeiro filho que tinha menos de três quilos quando nasceu.

Passei o Natal com ela. Eu tomando canja de galinha e ela mamando bastante.                 Paulinho ficou só na beira da cama me beijando e querendo deitar junto de Regina e não teve ciúmes pelo contrário, ficou bem alegre chamando as visitas para verem o neném.

Regininha, com três meses foi batizada. A madrinha foi Nossa Senhora da Penha, representada por mamãe e Célio meu irmão, o padrinho.

Cada vez mais gordinha e muito gulosa, foi crescendo e dando os primeiros passos que foram dentro de um navio chamado Itanajé quando viajamos os quatro, para Maceió, terra do pai. Ela estava com dez meses.

Foi crescendo, teve algumas doenças próprias da infância mas nada de grave. Entrou para a escola, foi bem aplicada e fazia os seus deveres com atenção. Era teimosa e vaidosa com as roupas que vestia. Ela é quem escolhia as roupas que iria usar. Se eu teimasse em colocar do meu gosto não havia acordo e ela saía vencendo.

Havia divergências entre eu e ela porque somos do mesmo signo, capricórnio, e o ditado “dois bicudos não se beijam”, cabia muito bem para nós. Mas sempre houve amor de ambas as partes.          

Sofreu diversas operações. Na infância foram as amídalas e na adolescência o apêndice. Ficou uma mocinha linda e era admirada por todos que a viam. Começaram a aparecer os paqueradores.

Formou-se professora pela Escola Normal Carmela Dutra em dezembro de 1960.

Ditava a moda com vestidos elegantes e modelos exclusivos de figurinos franceses que eu comprava. Nunca deixei de costurar e quando ela cismava que tinha que botar um determinado modelo do figurino, eu tinha que ir rápido comprar o tecido, sentar na máquina e aprontar.

Foi princesa da primavera do Marã Tênis Clube e era mais bonita que a rainha e a mais bem vestida.

Namorou, paquerou e aos 22 anos casou-se com João Batista Seixas do qual se divorciou mais tarde, tendo o casal tido dois filhos, Gustavo Alberto e Flávio Henrique. Gustavo formou-se na Marinha Mercante, casou-se com a Celi e tem uma filha chamada Gabriela que é muito despachada. Flávio casou-se com a Kelly e tem dois filhos, Lorena e Danilo que são muito bonitos e simpáticos.

Posteriormente conheceu um viúvo, o Ércio que tinha sido seu conhecido na mocidade e resolveram unir-se, tendo desta união resultado o nascimento dos gêmeos Jonas e André que vivem junto com ela.

Após o divórcio com Seixas, fez faculdade na UERJ, formando-se em Geografia. Trabalhou lecionando em escolas da rede pública e também no Colégio Pentágono, na Vila Valqueire. Posteriormente conseguiu transferir-se do quadro de professores para o quadro de fazenda do município do Rio, onde veio a aposentar-se no início da década de 90.

Logo após sua aposentadoria, sofreu uma queda ao tropeçar num cachorro, dentro de casa em Marechal Hermes, Sofreu muito com esta fratura pois os médicos custaram a diagnosticá-la. Felizmente foi operada no Hospital da Polícia Militar e colocou uma prótese total de quadril. Ficou com sequelas que periodicamente lhe trazem grande desconforto e dores.

É católica praticante, tendo frequentado durante muitos anos a Igreja de Nossa Senhora das Graças em Marechal Hermes, onde sempre trabalhou para amparar os pobres.

Posteriormente adquiriu um apartamento na Tijuca, onde reside até a presente data com seus filhos gêmeos que já estão com 22 anos.

É uma pessoa muito caridosa, muito boa filha, mãe e amiga dos pais e irmãos.

Peço a Deus que lhe dê saúde, paz e coragem para enfrentar as dificuldades da vida porque Ele venceu o mundo e para ela assim será.


Graças a Deus que nunca a desamparou. Beijos da mamãe!

Um comentário:

  1. Vivi com a vovó por 30 anos e não sabia de muita coisa. Muito bom este registro. Recomendarei à Lorena e Danilo que tomem conhecimento.
    Beijos,
    Flávio

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