História contada pela vovó Norma
Niterói, fins de 1944. Grávida pela terceira vez, já bem pesada, fui de bonde ao Mercado do Fonseca com minha filha Regina. No dia seguinte, sábado dia 30 de setembro, comecei a sentir as dores do parto. Minha mãe estava comigo para me dar apoio, carinho e me ajudar no evento.
Foi chamada a parteira, Dona Zulmira, mulher de baixa estatura, mas que ninguém calculava a força física que possuía. Examinou-me à tardinha e calculou para domingo a noite estar tudo resolvido.
Passou o domingo e foram aumentando vagarosamente as dores. Dona Zulmira, conversando com a gente para passar o tempo. Na madrugada de segunda as contrações aumentaram e ela me disse que eu iria experimentar um parto diferente dos anteriores. Para isso, já estava preparada lá em casa uma cadeira sem fundos que José retirou.
Pela manhã eu já estava na cama tendo muitas contrações quando Dona Zulmira levou-me para sentar na cadeira, tendo antes tido o cuidado de proteger bem o local para evitar qualquer acidente com a criança.
Ela passou a comandar o parto dizendo-me para só fazer força quando sentisse a contração forte e depois respirar fundo e parar. Às 10 horas a criança já estava prestes a nascer e então fui conduzida para a cama.
Logo a seguir, às 10h00, nascia Alice minha terceira filha no dia 2 de outubro de 1944. Estava empelicada, isto é, envolvida por uma membrana transparente que, segundo a opinião popular, dava sorte.
Era uma gracinha, peso normal aproximado de 3 quilos. Reparei logo que o narizinho dela era igual ao do pai. Cabelinhos lisos, me olhando muito como fez a irmã quando nasceu.
Recebi com muito amor e emoção em meus braços, pela terceira vez na vida, aquela menina embrulhadinha, já de banho tomado e querendo mamar. Fui tomada imenso carinho e dei de mamar até que ela fartou-se, arrotou e dormiu.
José estava emocionado, sorria e chorava ao mesmo tempo, me abraçando e examinando a filhinha para ver se era perfeitinha, como fizemos com seus irmãos.
Chorando também de alegria, estavam no quarto, mamãe, Yvone minha irmã e uma prima da mamãe chamada Magdalena. Esta prima nos ajudou muito tanto com apoio moral quanto financeiro. Magdalena tinha uma filha chamada Alice razão pela qual retribuímos com carinho colocando o mesmo em nossa filha.
Os dois irmãos pequenos estavam encantados com tudo, querendo pegar “só um pouquinho”, o neném. Fizemos o gosto deles e ficaram realizados.
Alice ficou gordinha rapidamente, era gulosa e queria mamar muito Aos seis meses levei um susto ao entrar no quarto e encontrá-la de pé segurando a grade de cama. Levantara-se sozinha sem eu ver.
Uma vizinha, dona Jurema ao vê-la de pé me disse: dona Norma, esta menina é capaz de não se criar, está andando sozinha! Fiquei nervosa, querendo dar minha mão para ela mas ela largava e andava mais depressa.
Cada vez mais bonitinha, foi crescendo e acabou de completar três na os logo após nossa mudança para Marechal Hermes em 30 de setembro de 1947.
Criada junto com seus irmãos maiores cursou escola pública e outra particular, o Curso São José, extinto. Foi sempre muito consciente de seus deveres e muito inteligente.
Aprontava como todas as crianças fazem, mas nada de grave. Ficava raivosa quando seus coleguinhas na rua implicavam com suas pernas finas. Queira até brigar com os garotos.
Fez o primeiro grau no Colégio José Acioly e posteriormente foi para o Colégio Estadual João Alfredo, em Vila Izabel, para cursar o segundo grau.
Estava uma adolescente muito bonita e não concluiu o segundo grau porque decidiu trabalha na Mesbla, só o fazendo depois de casada.
Nesta altura pintaram diversas paqueras, nada de muito sério. Coisas da idade.
Acostumou-se a ir aos fins de semana para Niterói, sua terra natal, ficando em casa de minha irmã Yvone, já falecida. Às vezes ficava na casa de seu irmão Paulo que morava na Tijuca e já estava casado. Passeava bastante, ia aos bailes e era muito requisitada para dançar. Sempre adorou dançar, até hoje.
Na mocidade, adquiriu hábito de fumar, que não era comum na família mas felizmente conseguiu libertar-se do cigarros anos mais tarde.
No casamento de Paulo, conheceu rapidamente o José Fernando Cordeiro, amigo de seu irmão, Oficial da Polícia Militar.
Nas idas a Niterói, na praia de Icaraí, reencontrou-se com José Fernando e iniciaram um namoro. Ficaram noivos e, em 1 de setembro de 1964, casaram-se.
Em 14 de novembro de 1965, nascia o primogênito do casal, Fernando César e em junho de 1966, dia 8, nascia a filha Maria Letícia.
Quando as crianças cresceram, Alice voltou a estudar tendo concluído o segundo grau e ingressado na Faculdade de Psicologia da Gama Filho, onde se formou como Psicóloga.
Sempre foi uma batalhadora, com muita iniciativa e trabalhando sempre para ajudar a sua família.
Ficou muito conhecida na noite carioca ao gerenciar o badalado restaurante Quadrifoglio, na Lagoa.
Tornou-se também exímia motorista, não temendo ruas, estradas e serras.
Boa e carinhosa filha como também esposa e mãe dedicada. Meu genro, Fernando, não poderia ser melhor. É excelente pai e esposo, nos trata com muito carinho e sentimos por ele muito amor, como se fosse mais um filho nosso.
Alice é também uma cozinheira de mão cheia, de forno e fogão. Tem muito bom gosto e requinte nas coisas que faz. Seus almoços e jantares são apreciados pela família e amigos e ela adora receber e organizar festas.
Ao completar 50 anos, preparou uma suculenta feijoada que deixou a todos plenamente satisfeitos.
Fernando Cesar está concluindo a Universidade na UERJ, na área de letras e casou-se com uma moça muito bonita e simpática, chamada Izabel. Ainda não tem filhos.
Quanto a Maria Letícia que não era muito chegada aos estudos quando criança deu a volta por cima na mocidade, formou-se em comunicação, fez mestrado e é jornalista da Globo News e também professora da Universidade Estácio de Sá.
Fernando, embora já aposentado da PM, continua trabalhando com muita dedicação e competência, exercendo há vários anos, cargos de importância no Jornal do Brasil.
Existe um membro novo na família que é um cachorrinho chamado Romário, xodó de Alice e Fernando.
Para concluir, direi que a amo como só mãe sabe amar. Que Deus te proteja e abençoe minha filha. Como ontem, hoje e sempre. Beijos da sua mãe.
Letícia o Caique não pode ler que vc não era muito chegada aos estudos...kkkkkk
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